Nos últimos tempos, com as aproximações das eleições em Portugal, um fenómeno preocupante tem se intensificado no cenário político: a utilização de armas políticas que visam denegrir a imagem dos envolvidos no processo. É um jogo perigoso que se afasta cada vez mais dos ideais de um serviço público honesto e dedicado ao bem comum e aproxima-se de uma arena onde imperam ataques pessoais, suspeições infundadas e uma incessante busca pelo poder a qualquer custo.
A situação que se desenrola diante de nós é desalentadora. A política, que deveria ser um espaço de debate de ideias e soluções para os problemas coletivos, transformou-se num teatro de operações onde cada candidato ou partido parece mais preocupado em desacreditar o oponente do que em apresentar propostas construtivas. Esse tipo de conduta não só empobrece o debate democrático, como também afasta cidadãos de bem que poderiam contribuir significativamente para o progresso do país.
Quando alguém decide envolver-se na política, em vez de ser recebido como um potencial servidor público, é muitas vezes sujeito a uma devassa de sua vida privada, onde qualquer aspeto, por mais insignificante ou antigo que seja, é utilizado como munição numa guerra de difamações. É como se ao entrar na arena política, o indivíduo automaticamente abdicasse de sua dignidade e se tornasse alvo legítimo de todo tipo de acusação e escrutínio. Essa lógica é perversa e tem sérias implicações não só para os indivíduos em questão, mas para toda a sociedade.
O mais trágico é que, mesmo diante de evidências claras de que muitas dessas acusações são falsas ou exageradas, os meios de comunicação e as redes sociais frequentemente se omitem ao seu papel de informar com responsabilidade, optando por propagar escândalos em busca de audiência. Essa postura contribui para a perpetuação de mentiras e meias-verdades que se fixam na memória coletiva, prejudicando não apenas os políticos honestos, mas também a confiança da população nas instituições democráticas.
Diante desse cenário sombrio, é razoável questionar: quem se atreverá a entrar para a política? Se continuar nesse caminho, em breve, homens e mulheres de integridade, que poderiam contribuir imensamente para o desenvolvimento do país, escolherão manter-se afastados, temendo que suas reputações sejam injustamente manchadas. A política deixará de ser uma opção para aqueles que realmente desejam servir ao público e tornará-se refúgio de indivíduos que veem no poder uma oportunidade para satisfazer interesses próprios.
É urgente uma reflexão coletiva sobre o rumo que a política em Portugal está a tomar. Precisamos rejeitar essa cultura de difamação e exigir um debate político pautado pelo respeito, pela verdade e pela discussão de ideias. Só assim poderemos esperar atrair para a vida pública pessoas comprometidas com o bem-estar coletivo e reconstruir a confiança nas nossas instituições.
Como cidadãos, temos o poder de mudar essa realidade. Através do nosso voto, do nosso envolvimento cívico e da nossa voz, podemos exigir um padrão mais elevado de conduta dos nossos políticos e da mídia. Chegou a hora de resgatar a política para o seu propósito original: o serviço ao povo e à nação.
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